12 Sob as bênçãos da dança do ciclo lunar, o espectro do ar- tista banha-se da delicada luz intensificadora das forças primordiais, enquanto passeia pela floresta urbana. No movimento por entre a mata, deixa seu rastro e, su- bitamente, ressurge inquieto e voraz. Enquanto caça ao alimento com os sentidos aguçados, provoca a experiên- cia da fome e do desejo pela inacessibilidade da distância. No jogo do sensível, a visibilidade distante da imagem in- voca o platônico, o inatingível, tornando claro que, o in- visível da obra de Milton é o que mais importa apreciar: é lá, na produção da imagem, no flash noturno que ilumina o instante onde se produz o desejo, a interdição, o gozo, a incitação, a excitação, que habita a obra em si: “Nada é mais escuro do que a visibilidade da luz, nada é mais claro do que essa noite sem sol.” (DERRIDA, Jacques. Pensar em não ver – escritos sobre a arte do visível, 2012, p.305) Celma Paese LUNAR , Década de 1980 | Xerografia | 35 x 21 cm

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