13 Espiral Quadrada (1991) é uma das obras de Milton Kurtz que representa o indício de um caminho mais sintético em sua produção. Em oposição aos trabalhos em que o desenho realista em grafite contrasta com o plano cha- pado das cores, esta obra é o raciocínio do artista em uma fase onde se criam movimentos elaborados a partir dos elementos cromáticos e a figura humana se reduz à silhuetas até desaparecer em cores hipnóticas. Sem estes elementos já recorrentes em seu trabalho, Es- piral Quadrada nos apresenta com mais ênfase a preci- são da produção de Kurtz. São traços perfeitos de tinta acrílica laranja e preta sobre lona – esta última pouco utilizada pelo artista, que produziu majoritariamente utilizando o papel. Apesar dos artistas comumente rela- cionados a Pop Art normalmente produzirem tentando massificar procedimentos artísticos, Kurtz parecia tentar borrar estas bordas com estratégia diferente: tamanha ESPIRAL QUADRADA , 1991 | Pintura, acrílica sobre lona | 150 x 150 cm precisão pode levar o observador desavisado a acreditar que se trata de uma impressão serigráfica. A obra é uma aproximação do artista a Op Art e se rela- ciona a uma influência clara dos trabalhos da artista Brid- get Riley (Londres, 1931), conhecida por suas ilusões ma- joritariamente preto e brancas. Esses elementos gráficos já estavam presentes na produção do artista em outros momentos, principalmente na utilização do quadricu- lado contrapondo com as figuras humanas em grafite, mas é nessa fase mais recente do artista em que a ilusão criada pela sua pintura fica ainda mais evidente. O resul- tado disso, em Espiral Quadrada , é uma vertigem cromá- tica. Ora uma pirâmide observada em plano zenital, ora um buraco profundo nos levando para outro estado de consciência. Chico Soll
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