15 HERMÉTICA , 1979 | Desenho, grafite e acrílica sobre papel | 35 x 32 cm logo com o público, apreciar sua obra, colocando-nos o desafio de dela extrair algum significado, é sempre uma responsabilidade que apresenta pelo menos um risco: quando nos defrontamos com a obra, “é tão possível olhar e ver como olhar e não ver” (STANISLAVSKI, 2013). Tolstói (1994) nos diz que, “para definir mais correta- mente a arte, faz-se mister renunciar a nela reconhecer apenas uma forma de prazer e considerá-la antes como uma das condições essenciais da vida humana. Sob tal aspecto, a arte se apresentará a nós, de imediato, como um meio de comunicação entre os homens”. Na obra de Kurtz, como não poderia deixar de ser, dos nossos cinco sentidos, a visão é o mais receptivo às impressões neces- sárias para que esta comunicação aconteça. O que vejo nas obras Luvas  e Hermética  são intenções, traços, cores e formas que apresentam uma profunda carga emocio- nal, e sabemos que quanto maior for a memória emocio- nal do artista, mais rica pode ser sua criatividade. Como nenhuma obra de arte tem seu significado completo so- zinho, ao invés de entregar ao público dessa exposição a minha percepção individual destes dois desenhos, quero não só instigar, mas desafiar o interlocutor, meu colega receptor da obra, a apreciá-las com a devida atenção que elas merecem, lembrando que, se “os olhos são o espelho da alma, o olhar vago é o espelho da alma vazia” (STANISLAVSKI, 2013). Cristiano Goldschmidt

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