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EDUCA SESC 12 2018 vilãs dentro e fora das salas de aula, tirando o foco dos alunos e seduzindo-os para as ideias rápidas e prontas. Conforme Kerber (2009), este será o século do paradoxo da informação.“Temos alta combinação de informação e baixa capacidade de pensar criticamente”(p. 76). O autor aponta que os alunos contemporâneos Serão homens que não saberão pensar, duvidar, criticar as convenções do conhecimento, transformar o conhecimento vigente, interpretar criticamente os fenômenos, produzir ideias com originalidade, preservar os direitos humanos, repensar a si mesmo, reciclar o autoritarismo e a rigidez intelectual (KERBER, 2009, p. 76). Os alunos, de forma geral, têm demonstrado certa dependência desses equipamentos e principalmente da conexão com a internet. É uma geração muito hábil nos teclados, mas que tem grande dificuldade em interpretar comportamentos alheios quando estão frente a frente. É preciso problematizar o uso das tecnologias, propondo a transição para uma consciência mais crítica em relação a isso. Outro tema recorrente é a desvalorização profissional. O fato é que os professores precisam cumprir uma carga horária cada vez maior, trabalhando em várias escolas a fim de melhorar seus salários. A VARINHA MÁGICA Quem não sonhava, quando criança, com a varinha mágica para apontar, aparecer, desaparecer, transformar e fazer coisas incríveis acontecerem? Essa fantasia habita o imaginário da infância, pois é a fase mais criativa do ser humano. É o momento em que a criança pega um objeto qualquer e o transforma em tantas outras coisas apenas usando a imaginação. Essa passa a ser a sua realidade e a sua verdade. O universo totalmente lúdico, brincalhão e ao mesmo tempo sério é, em essência, a vida da criança. Portanto, o mundo em que ela vive é mágico por natureza. Produzir educação é parte dos sonhos dos magos da vida. Após ter cumprido a primeira etapa da preparação profissional, que é a formação em determinada área do conhecimento, nos vemos dentro de uma sala de aula e sonhamos com alunos ávidos por ouvir os aprendizados que serão compartilhados. Imaginamos estudantes participativos, produtivos, tecendo comentários sobre o quanto gostam das aulas. Além de ver a turma empenhada, realizando as atividades, senti- la feliz e engajada nas propostas é o que almejamos como professores. Outro sonho importante, que mostra a direção na qual deve ser apontar a varinha mágica, é sobre o reconhecimento da sociedade em relação à nobreza da profissão. Esse, talvez, seja o maior desejo de todos. Queremos ser vistos como sujeitos capazes de transformar realidades, tanto individuais, quanto coletivas. Mudar a mentalidade de uma pequena comunidade, ou de uma nação, e ter o mérito de nossa função respeitado por todos. Seria muito bom se uma varinha mágica conseguisse, com apenas um toque, potencializar esses desejos e sonhos. Embora saibamos que não é tão simples, continuamos cheios de esperança. Conscientes que, como diz Paulo Freire, ter esperança não significa cruzar os braços e esperar. A varinha sozinha não faz a mágica acontecer. É preciso a habilidade do mágico, bem como seu conhecimento e domínio sobre a arte, para que o efeito aconteça. Nesse contexto, a mágica passa a ser real. O encanto se dá diante dos olhos da plateia, que fica surpreendida. Assim é no dia a dia da educação. A mágica vai acontecendo lentamente e, quando se percebe, a aprendizagem aconteceu. Num abracadabra, num passe de mágica que poderá levar um ou vários anos, com dedicação dos mestres, por vezes até com sofrimento em suportar a pressão. E quando a vontade de desistir aparecer, é preciso persistir um pouco mais nessa magia da vida, que é real e verdadeira. Cada dia vem como uma nova etapa para o sujeito que constrói o conhecimento, que poderá mudar a sua história, tornando-a fascinante. É aquele momento em que o aluno descobre que está aprendendo. Dá o start e ele vibra: – Ah! Agora eu sei! Pronto, a varinha mágica funcionou. Nesse caso, às vezes, até se perde a noção do tempo. Na verdade, durante o momento mágico, o tempo perde sentido e, por instantes, deixa de existir. Passa a ser um presente muito especial, porém frágil na medida em que escapa veloz, como escreveu Quintana no seu poema Seiscentos e sessenta e seis , quando se vê, ele já passou. A ARTE DO IMPOSSÍVEL Em mais de cinco mil anos de história, a mágica é vista como a arte do impossível, pois ela “rompe com as vicissitudes da vida ordinária, justamente por realizar o impossível” (HARADA, 2012), o que é ousadamente concretizado por meio da ilusão. Esta palavra está intimamente ligada aos sonhos, às fantasias humanas e, porque não, àquela que é o verdadeiro tapete mágico: a imaginação. Na mágica, tudo o que acontece está na dimensão da arte e, dessa forma, sob o controle total do artista. A arte do mágico reside na sua inteligência e no modo como articula as situações para produzir a ilusão do impossível. Em sua Acervo pessoal

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