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15 EDUCA SESC 2018 1 Dado obtido através do site do INEP: http://provabrasil.inep.gov.br/web/guest/educacao-basica/saeb/resultados, acessado em 21/08/2018 RESUMO O presente artigo tem como objetivo fazer uma reflexão sobre as dificuldades encontradas no ensino da matemática nos dias atuais. Apresenta como um dos pressupostos teórico-metodológicos a etnomatemática e procura promover discussão sobre a prática pedagógica à luz de suas principais pressuposições. O Programa Etnomatemático busca delinear alguns possíveis caminhos que valorizam os desejos, a cultura e o meio social dos alunos, considerando que o discente poderá usar de forma mais adequada os conhecimentos matemáticos quando promover relações entre o que já é de seu conhecimento e os novos saberes construídos no âmbito escolar. EIXO TEMÁTICO: educação. PALAVRAS-CHAVE: etnomatemática, matemática, educadores, escola, ensino-aprendizagem. INTRODUÇÃO A escrita desse artigo parte principalmente da motivação em refletir e trazer para a discussão a prática pedagógica do ensino da matemática. Procuramos, a partir dos conhecimentos da formação profissional, tanto inicial como continuada, e das experiências vividas em sala de aula como professor de matemática da Escola Sesc Siqueira Campos, em Aracaju/SE, e como pesquisadora na área de pedagogia, deter-nos sobre o papel do professor e o processo educativo, tarefa que, em nosso ponto de vista, ultrapassa a transmissão de conteúdos. É necessário pensar em como mediar os conhecimentos científicos e provocar no aluno o interesse e a vontade de aprender temas que, muitas vezes, não estão vinculados diretamente com suas atividades cotidianas. Elegemos para isso duas situações que serão apresentadas como forma de ilustrar as opções didáticas defendidas neste texto. A matemática, como campo de conhecimento, surgiu e se constituiu a partir das necessidades humanas e tem sido marcada pela busca de soluções de problemas no decorrer da história. Segundo Prado (2000), “a Matemática está presente no cotidiano e é importante para solucionar e interpretar problemas nas mais diversas áreas. Contudo, o rendimento dos alunos não é proporcional a sua importância, isso se dá porque os conteúdos matemáticos estão distantes de seu cotidiano, sendo desnecessários tais conhecimentos para a sua vida”(p.18). A proficiência dos alunos em matemática em Aracaju tem mostrado uma grande dificuldade na aquisição dos conhecimentos da disciplina. Do total de 500 pontos possíveis de serem atingidos na Prova Brasil, a média obtida pelos estudantes foi de 244,14 (1) , considerando as escolas federais, estaduais, municipais e particulares. Tal número ilustra a situação do ensino da disciplina no município e impõe a reflexão da necessidade de mudanças nos processos de ensino e aprendizagem estabelecidos nas escolas. A partir do espaço ocupado, como docente da disciplina de matemática na Escola Sesc de Sergipe e pesquisadora de pedagogia, propomos a reflexão constante sobre a importância da contextualização do ensino para os alunos e do papel do professor enquanto mediador do processo de aprendizagem. Pensando nisso, buscamos a aproximação de uma linha de pensamento conhecida como “etnomatemática”, que procura trabalhar o aluno inserido em seu meio cultural, social e político, adicionando saberes científicos a sua prática diária, partindo da valorização dos conhecimentos que o adolescente traz para a sala de aula. Com base na discussão sobre o ensino da matemática travada a partir do referencial teórico da etnomatemática, apresentamos a seguir atividades realizadas com turmas de sétimo e sexto anos do segundo segmento do Ensino Fundamental. O objetivo é tomar essa prática como foco de reflexão para contribuir com a discussão sobre o ensino da matemática e com a possibilidade de, com exemplos práticos, mostrar como nós, professores, podemos apostar em outros caminhos que tenham relação com a vida dos alunos e que não sejam aqueles exclusivamente traçados pelos livros didáticos. Dessa forma, entendemos que o docente passa a assumir um papel de mais autonomia no que diz respeito ao seu planejamento, constituindo-se como autor de sua prática pedagógica. Esse papel do professor que escolhe seus próprios caminhos e busca a interação com os alunos como forma de construção do conhecimento se afasta da visão de docente na qual a função principal é de transmissor de um A ETNOMATEMÁTICA NA PRÁTICA PEDAGÓGICA POR ROMÁRIO NUNES LIMA E MARIANA SOUZA GOMES GUIMARÃES

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