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EDUCA SESC 16 2018 [...] a Matemática está presente no cotidiano e é importante para solucionar e interpretar problemas nas mais diversas áreas. conhecimento de outros, teoricamente mais “sabidos”. Como afirma Geraldi (2010): Deste ponto de vista, o processo de educação se dá como se um de seus agentes, o professor, executasse uma partitura. O professor não precisa ser douto, mas saber tudo o que deve fazer, e este “tudo”lhe é dado nas mãos pelos doutos, que preparariam o que ensinar e como ensinar (p.85). O presente artigo distancia-se dessa visão de docente executor de manuais de instrução, que professam o conhecimento alheio, e aproxima-se da ideia de docente como portador de saberes únicos relacionados a sua profissão. Esse amálgama de saberes, constituídos por saberes disciplinares, curriculares e da experiência (Tardiff, 2001), forjam a identidade de professor reflexivo, autor de seu próprio planejamento e de sua prática pedagógica. CONTEXTUALIZANDO A MATEMÁTICA Antes de partir para a análise de situações cotidianas, consideramos relevante realizar uma breve contextualização de princípios da etnomatemática, para deixar claro os pressupostos teóricos que nos norteiam. Quando iniciamos o conteúdo com a turma, primeiramente abordamos uma situação comum do cotidiano escolar e propomos a resolução de problemas ao modo do aluno, sem a preocupação com nomes científicos ou cálculos matemáticos, instigando assim também o raciocínio lógico. É perceptível, nesse momento, que os estudantes utilizam estratégias respaldadas em seus próprios transmissão do professor. Ao contrário, entendemos que, através de seus conhecimentos prévios, é possível encontrar a solução para uma questão. O papel do professor é mediar a aquisição de novos conhecimentos, considerando o acervo de saberes das diversas áreas que o aluno já construiu ao longo de sua experiência escolar e de vida. Consideramos importante também utilizar uma linguagem próxima ao seu cotidiano, por exemplo, “uma pitada”, “um maço”, “uma xícara”etc. As ações docentes aqui discutidas como possibilidades para o ensino da matemática estão fundadas em pressupostos teóricos que as orientam. No caso específico desse artigo, discutimos a prática pedagógica a partir dos pressupostos da etnomatemática. Como afirma Fiorentini (2004): Por trás de cada modo de ensinar, esconde-se uma particular concepção de aprendizagem, de ensino e de educação. O modo de ensinar depende também da concepção que o professor tem do saber matemático, das finalidades que atribui ao ensino da matemática, da forma como concebe a relação professor-aluno e, além disso, da visão que tem de mundo, de sociedade e de homem (p.38). A seguir, serão relatadas duas atividades diferentes desenvolvidas com turmas do segundo segmento do Ensino Fundamental na Escola Sesc Siqueira Campos, em Aracaju/SE, a fim de tecer relações entre a teoria e a prática, evidenciando os pressupostos teóricos que nortearam todo o processo. ATIVIDADE COM CARTAS DE BARALHO Em uma aula ministrada no 7º ano do segundo segmento do Ensino Fundamental, ao iniciar o conteúdo de números inteiros, foi proposta uma atividade sem anunciar o assunto que seria saberes cotidianos para a resolução dos problemas, baseando-se no que lhes fora ensinado em seu meio familiar e cultural. Partindo do conhecimento que o aluno traz consigo, discutimos coletivamente sobre uma possível organização de seu pensamento matemático, ampliando seu repertório de conhecimento com uma outra linha de raciocínio, para que ele utilize aquela que achar mais conveniente, sem deixar de conhecer a existência de outros métodos possíveis na resolução dos problemas. Nota-se aqui que não há um saber mais importante do que o outro, mas estratégias diferentes para chegar ao objetivo final da atividade. Por outro lado, é papel da escola também ampliar os conhecimentos dos alunos para que possam decidir qual é mais adequado em cada situação-problema que precisem resolver. Nas atividades propostas, os alunos não são vistos como meros receptáculos de informação, sujeitos vazios que aguardam passivamente a
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