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EDUCA SESC 18 2018 D’Ambrósio (1998) explica que, “é necessário modificarmos a imagem que a matemática possui, de funcionar como uma máquina seletora que determina quais alunos concluirão cada estágio escolar. Devemos discutir a importância da matemática para construção da cidadania, com ênfase, principalmente, na participação crítica e autônoma dos alunos, proporcionando-lhes o estabelecimento de conexões da matemática com outros temas de sua vida cotidiana” (p.13). Certos de que há muito a se questionar sobre o fracasso no ensino da matemática na vida dos educandos e sobre o que se pode fazer para amenizar esse grave problema educacional, encontramos caminhos que devem ser trilhados para tornar a disciplina mais agradável e estimulante. Dessa forma, pode-se despertar, tanto nos educandos como nos professores, a importância que a matemática tem na vida cotidiana e como ela pode se tornar aprazível para todos se for trabalhada de forma contextualizada, distanciando-nos da ideia de que se trata de uma disciplina para os gênios ou que é sinônimo de fracasso para a grande maioria. A etnomatemática deve ser inserida no debate sobre o ensino da matemática e traz à tona a reflexão sobre a importância do professor, que precisa estar em constante busca para encontrar novas formas de ensinar e não se deter apenas ao estudo da disciplina propriamente dita. O processo de ensino e aprendizagem precisa estar em foco, pois como diz Paulo Freire, Por isso é que, na formação permanente dos professores, o momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática. É pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática. O próprio discurso teórico, necessário à reflexão crítica, tem de ser de tal modo concreto que quase se confunda com a prática. O seu “distanciamento” epistemológico da prática enquanto objeto de sua análise, deve dela “aproximá-lo” ao máximo. Quanto melhor faça esta operação tanto mais inteligência ganha da prática em análise e maior comunicabilidade exerce em torno da superação da ingenuidade pela rigorosidade. Por outro lado, quanto mais me assumo como estou sendo e percebo a ou as razões de ser de porque estou sendo assim, mais me torno capaz de mudar, de promover-me, no caso, do estado de curiosidade ingênua para o de curiosidade epistemológica. Não é possível a assunção que o sujeito faz de si numa certa forma de estar sendo sem a disponibilidade para mudar. Para mudar e de cujo processo se faz necessariamente sujeito também (FREIRE, 1996, p. 18). Por fim, este artigo procurou refletir, a partir de duas situações práticas, sobre questões do ensino da matemática, tendo como principal referencial teórico a etnomatemática. Esta escrita poderá ser, junto com escritas de outros docentes, um fio para tecer uma rede em que professores falam e se ouvem. Foram evidenciadas práticas para que outros professores olhem e se vejam neste texto. Dessa forma, haverá contribuição para o fortalecimento e valorização dos saberes docentes, tornando-os objeto de reflexão para novas práticas e para um novo saber pedagógico, construído na e pela escola, em diálogo com os conhecimentos acadêmicos. Buscamos, assim, sair do paradigma de reprodutores de conhecimentos vindos de um universo distante da sala de aula, em que manuais didáticos nos ditam o que deve ser ensinado e no qual cabe a nós docentes, alienados do processo de construção de nossos próprios conhecimentos, apenas o papel de transmitir palavras alheias. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS D’AMBROSIO, Ubiratan. Etnomatemática: arte ou técnica de explicar e conhecer. 5ª Ed. São Paulo: Editora Ática, 1998. D’AMBROSIO, Ubiratan. Sociedade, Cultura, Matemática e seu Ensino. In: Revista Educação e Pesquisa, Vol. 31. São Paulo, 2005, p.99-120. FIORENTINI, D. Rumos da Pesquisa Brasileira em Educação Matemática: o caso da produção científica em cursos de pós-graduação (tese de doutorado). Campinas: Faculdade de Educação, Unicamp, 1994. GERALDI, João Wanderley. A Aula como Acontecimento. São Carlos: Pedro e João Editores, 2010. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 25ª Ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996. PRADO, Ivanildo. Ensino de Matemática: o ponto de vista de educadores e de seus alunos sobre aspectos da prática pedagógica (tese de doutorado). São Paulo: 2000. TARDIF, Maurice. Saberes Docentes e Formação Profissional. Petrópolis: Vozes, 2014. ROMÁRIO NUNES LIMA, licenciado em Matemática pela Universidade Tiradentes, especialista em Educação Especial e Libras pela Faculdade São Luiz de França, atualmente é professor de matemática da Escola Sesc, no segundo segmento do Ensino Fundamental, em Aracaju/SE. [romarionl@hotmail.com ] MARIANA SOUZA GOMES GUIMARÃES, licenciada em Pedagogia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e mestranda pelo Programa de Pós-graduação da UFRJ, é analista de Educação no Departamento Nacional do Sesc. [msguimaraes@sesc.com.br ]

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