Revista Sesc Arte e Educação 2024

12 Revista Sesc de Arte Educação vol.4 2024 ção na sociedade contemporânea (BARBOSA, 2004, p.27-28), pois, o olhar sensível depende da interpre- tação do observador. Assim como o alfabeto que atualmente possui 23 letras e, a partir do conhecimen- to adquirido, o estudante vai, aos poucos, aprendendo a combinar as letras e formar palavras. Da mesma forma, através do ensino da arte, aos poucos, o conjunto de códigos encontrados nos espaços públicos deixam de ser símbolos para serem linguagem e o observador se torna consciente de saber construir ma- neiras de ler o mundo. Isso demonstra que a compre- ensão da paisagem urbana não é um processo passivo; ela exige um olhar atento, capaz de decifrar e co- nectar os diversos elementos que compõem a identidade da cidade. Tais práticas de mediação cultural que promovem arte educação vol- tada para arte pública já são desen- volvidas em ambientes formais de educação, conforme o Curricular da Educação Básica. Nesse sentido, o desafio seria iniciar uma proposta semelhante na educação inclusiva, criando estratégias de mediação cultural para os usuários da APAE. Ao imergir no ambiente da APAE, a oportunidade de trabalhar com diferentes habilidades e potenciali- dades, propôs a este estudo pensar um modelo de ensino, que abor- da arte pública, de maneira mais abrangente e interior. Composta por duas partes, a proposta apresen- tou a obra pública “Os Dançarinos” (2021), do artista capixaba Hipólito Alves, como elemento referencial que compõem a paisagem da Praça Arthur Gerhardt, em Domingos Mar- tins. A primeira parte é um desenho feito com marcador permanente so- bre papelão, representando a obra “Os Dançarinos”, cujos espaços em torno da “obra” foram vazados/cor- tados com a tesoura, desprendendo a obra da paisagem na qual foi insta- lada. A segunda parte é outro dese- nho, desta vez em aquarela, porém representando somente da Praça, sem o monumento, ou seja, faltando esse elemento na paisagem. Os dois desenhos foram apresen- tados aos usuários individualmente e sobrepostas, conforme a dinâmica de leitura de imagem. A princípio, iniciamos um diálogo sobre a paisa- gem da cidade e da Praça (que abri- ga a maior parte dos monumentos públicos do município) para então apresentar o desenho representan- Proposta artesanal utilizada para leitura de imagem representando a Praça da cidade e a inserção do monumento “Os Dançarinos” na paisagem. Fonte: Acervo da autora.