Revista Sesc Arte e Educação 2024

13 Revista Sesc de Arte Educação vol.4 2024 marcar positivamente a experiência dos sujeitos no processo de apren- dizagem, pois, a paisagem urbana é edificada progressivamente, resul- tado das interações humanas que a compõem. Cada elemento carrega consigo uma narrativa histórica es- pecífica. Estas narrativas não são apenas cronológicas, mas também sociais e culturais, pois elas revelam as prioridades e os valores da socie- dade que as criou. Diante de “Nor- malmente vejo muitas pessoas cir- culando ou sentadas nos bancos da Praça” ela parece expressar sua per- cepção da paisagem através da falta do movimento de “ir e vir” das pes- soas. O fluxo transitório das pes- soas pela cidade provoca um ritmo que é captado pelo observador du- rante a experiência vivenciada no es- paço. Daí o apreço pela integração dos usuários aos espaços públicos, que criam suas próprias interpreta- ções a respeito deste espaço. Considerações finais: A pesquisa em questão explorou o impacto da mediação artística em atividades de arte pública na sala de Arte Terapia da APAE, evidenciando a sensibilização perceptiva dos usu- ários. Até o presente momento, as práticas educativas promoveram o diálogo entre os indivíduos e o espa- ço público, incentivando a aprecia- ção e o entendimento das narrativas históricas e sociais embutidas nas obras e nos monumentos urbanos. Diante disso, os resultados desse estudo indicam que a arte pública é um referente que foi imediatamente identificado pelos usuários, por con- ta de sua natureza educativa. Tais práticas artísticas, focadas na arte pública, puderam contribuir para que os usuários da APAE pudessem perceber a arte como parte de suas identidades pessoais e territoriais. Dessa forma, a educação patrimo- nial se torna uma ferramenta para a construção de cidadania, reforçando o respeito e a valorização do legado cultural e incentivando a preserva- ção e a renovação do patrimônio artístico da cidade. Conclui-se que os objetivos deste trabalho foram al- cançados à medida que a pesquisa e a prática educativa proporciona- ram que a pessoa com deficiência pudesse enxergar o espaço e seu complexo acervo visual, consciente de si, pois se reconhece como inte- grante da história local. A PAISAGEM URBANA É EDIFICADA PROGRESSIVAMENTE, RESULTADO DAS INTERAÇÕES HUMANAS QUE A COMPÕEM. CADA ELEMENTO CARREGA CONSIGO UMA NARRATIVA HISTÓRICA ESPECÍFICA. do o monumento “Os Dançarinos”. Por se tratar de uma proposta arte- sanal, feita à mão, houve um instan- te de curiosidade sobre o desenho, sua autoria e o material que gerou a necessidade/impulso de tocar, sen- tir e introduzir os dedos nos espaços vazados do desenho. Após esse momento, novamente retomamos o diálogo através da se- guinte pergunta: “- Você já viu esse monumento? Onde ele fica?” Num segundo momento, foi apresentada a aquarela da Praça com a pergunta: “- Você reconhece essa paisagem? Sente falta de alguma coisa?”. A maioria das respostas foram posi- tivas: “-Sim, já estive nesse lugar!”; “-É na pracinha da cidade.” Quanto à pergunta “Você sente falta de al- guma coisa?” as respostas foram bem variadas: “- Tem alguma coisa faltando bem aqui!”, e apontou com o dedo para o local em que o monu- mento deveria estar. “- Normalmente vejo muitas pessoas circulando ou sentadas nos bancos da Praça.” Ou seja, a criança sentiu falta do ritmo promovido pela dinâmica das pes- soas na paisagem, elementos que não havia na aquarela. Ao identificar “é na praçinha da cidade”, numa simples representa- ção em aquarela ou papelão, remete a um entendimento consistente do usuário acerca do ambiente na qual está inserido - sua percepção espa- cial - na qual buscamos destacar como as práticas artísticas podem REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARBOSA, Ana Mae. A imagem no ensino da arte. 5. ed.. São Paulo: Perspectiva, 2004. CIRILO, José. As tensões do efêmero: quando a apropriação coletiva revela a natureza da arte pública em objetos identitários em comunidades populares. Outro ponto de vista: práticas colaborativas na arte contemporânea. Programa de Pós- graduação em Artes. Vitória: PROEX/UFES, 2015, p. 209-224, 2015. MADERUELO, Javier. El paisaje: génesis de un concepto. 2. ed.. Madri: Abada, 2006. MAPA Cultural Espírito Santo. Hippolito Alves. Disponível em: https://mapa.cultura . es.gov.br/agente/4508/#info. Acesso em: out. 2024. TUAN, Yi-Fu. Espaço e lugar: a perspectiva da experiência. São Paulo: Difel, 1983.

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