Revista Sesc Arte e Educação 2024
Neste ano, o Rio Grande do Sul foi assolado por uma tragédia climática que, além de causar perdas irrepará- veis, como a vida de pessoas que- ridas, também danificou memórias e histórias construídas com muito trabalho e afeto pelo povo gaúcho. Se, por um lado, as águas trouxe- ram dor e tristeza, que ainda nos atingem, por outro, provocaram uma verdadeira revolução humanitária, aproximando pessoas de diferentes localidades que somaram esforços para a manutenção da vida, ofere- cendo um mínimo de conforto aos desabrigados. Esse evento modifi- cou as paisagens das cidades e nos- sas formas de vislumbrar horizontes futuros. A partir desse fato, muitas imagens serão recordadas por meio das fotografias, dos arquivos e pe- las memórias das pessoas que, de algum modo, construíram relações com aqueles espaços. Pela arte é possível reinventar outras maneiras de presentificar, rememorar e até mesmo homenagear o que hoje ha- bita apenas na lembrança? Nesta quarta edição da Revista Sesc Arte Educação, adotamos o títu- lo Reconstruindo horizontes: arte Escute o artigo RECONSTRUIR PARA CRIAR ESPAÇOS: LEMBRAR PARA NÃO NOS PERDERMOS DE NÓS, PARTILHAR PARA INSPIRAR NOVOS HORIZONTES POSSÍVEIS NO TRABALHO COM ARTE, EDUCAÇÃO E CULTURA como espaço de memória e inven- ção , refletindo sobre o potencial que a Arte nos oferece no contexto da reconstrução. É fundamental olhar- mos atentamente para o cenário, compartilhar as histórias vividas e, ao mesmo tempo, guardá-las com afeto, buscando, de alguma forma, manter ativa a conexão que uniu as pessoas. Recebemos propostas de diversas regiões do Brasil, abrangen- do diferentes linguagens artísticas. Os relatos de experiência, planos de aula, artigos e práticas artísticas se- lecionados nesta edição convidam os leitores a refletir sobre nossos modos de fazer, pensar e planejar ações de Arte, Educação e Cultura. Na sequência de textos que compar- tilhamos, encontramos propostas que atendem tanto a espaços for- mais quanto não formais, dedican- do-se a linguagens específicas ou borrando as fronteiras de conheci- mento entre diferentes áreas. Os au- tores e pesquisadores alternam-se entre os papéis de criadores, articu- ladores, incentivadores, intérpretes, mediadores, artistas e reinventores. Iniciamos com (Re)escrevendo nar- rativas com fotografias , que elenca uma experiência que reúne artes vi- suais, cinema e escrita, colocando estudantes em funções de criação, planejamento e exibição. Em Pai- sagem e cultura , a arte pública se revela como um caminho para refle- tirmos sobre a inclusão e o quanto precisamos avançar na construção de estratégias mediativas que forta- leçam o direito de acesso à cultura por pessoas com deficiências. No projeto de extensão Castelinho de livros , a literatura infantil se torna um canal de aprendizado sobre saú- de e humanidades, convidando estu- dantes a pesquisar e experimentar diferentes etapas da criação de um livro voltado às infâncias. Em Pos- sibilidades e criação de nós , conhe- cemos uma pesquisa em teatro, na qual educadores e adolescentes se unem na busca por novas formas de criação e pela significação da teatra- lidade como elemento de transfor- mação pessoal e emancipação. Em Dançar no trabalho , apresentamos uma proposta que fortalece a impor- tância da experiência na vida dos su- jeitos para a construção e atualização de sentidos. Antes de divulgar um ser- viço ou vender um produto cultural, é necessário conhecer profundamente o que se oferece e o conhecimento em arte é construído a partir das sub- jetividades. Em Leituras de memória , enfrentamos a urgência de criarmos convites estético-vivenciais que pro- movam a interação das infâncias com o objeto livro e suas diferentes formas de leitura—toque e manipulação, leitu- ra de imagens, reconhecimento de pa- lavras e significados. 4 Revista Sesc de Arte Educação vol.4 2024
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